Parabéns mestre...

e obrigada!

Desassossêgo

"Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta." F. P.

Já não sou criança, já não durmo...

rasguei o peito

Rasguei o peito para te mostrar onde tens morado desde... sempre.

Abri-o de ponta a ponta, com direito ao barulhinho das costelas a estalar.

Abri-o para descobrir que eu não tinha onde morar, que o meu castelo não passava de uma pedra única, que ás vezes servia para me resguardar do frio.

Voltei a fechar o peito, cozi-o com fio norte, a ponto cruz (como se faz aos mortos)!

Deixei-te ficar lá dentro.

Agora só existo da parte de fora!

Fogueira

Apetece-me uma revolução!

Sacrificar o bom para enterrar o mau! Morrer e renascer, com todo o sofrimento que isso implica.

Soltar o grito purificador!

Ainda me queimas...

Ainda ardo!

Consumição

Hoje não te matei.
Hoje não me matei.
talvez tenha já morrido ontem e hoje seja só um espasmo...
mas sinto a dor como se de um membro fantasma se tratasse, queima-me a minha morte e queima-me a tua morte.
... e deixo-me aquecer numa fogueira que não me consome...

Romper

Rasgo-te em sangue

em tiras de dor

em pingos de nada

arranco-te em gomos

vermelho de amor

alma torturada

e dou-te a comer

às aves do céu

-Toma, é a liberdade,

de puderes ser meu!

Regresso

Voltei...
Desfiz a mala...
Tirei lá de dentro o riso, a boa disposição, as loucuras cometidas e a vontade de as repetir, os cheiros (gosto de guardar os cheiros de tudo), não voltei a por nada nos armários, vou refazer a mala em breve... é que veio cheiinha de vontade de voltar a partir!